quarta-feira, 27 de agosto de 2014

David Bowie - The Next Day (2013)

Não tem como deixar passar em branco um super lançamento como este, né? Como você já deve estar sabendo, o cantor/ator/produtor/alienígena/camaleão/etc David Bowie apareceu depois de muito tempo sem dar qualquer notícia para lançar um novo álbum intitulado The Next Day, seu primeiro registro em dez anos. Após deixar o álbum no repeat por uma semana acho que já estou apto a falar sobre ele.
O cd abre de forma bastante forte com a faixa que dá seu nome. Um rock'n'roll energético e dançante com uma certa pegada Rolling Stonica, principalmente nas guitarras. Ouvindo a faixa me vem a cabeça a imagem de um show lotado, com o publico pulando e cantando enlouquecidamente. Uma música simples, mas grudenta e eficiente.
A sequência com Dirty BoysThe Stars (are out tonight) e Love is Lost é minha parte preferida do trabalho. Uma música melhor do que a outra. Enquanto a Dirty Boys transita entre o rock e o jazz, com seu acompanhamento de metais e seus tempos quebrados, The Stars... volta ao rock básico.  A música já ganhou um fantástico clip e é fácil de entender o porquê de ter sido escolhida como single. A guitarra sempre presente e sua estrutura em crescendo que explode no refrão tem tudo pra se tornar um dos grandes hits da carreira de Bowie. Já me peguei cantando ela alto no busão algumas vezes. Love is Lost fecha esse primeiro terço do cd de forma soberba com seu baixo pulsante, teclado altíssimo dando um aspecto sombrio para a música e guitarras distorcidas que surgem em ótimos fraseados e riffs. A linha vocal criada por Bowie confere um tom de urgência para a faixa.
Então vem o único ponto fraco do trabalho. Where are we now? é uma baladinha pra tocar em baile da terceira idade. Chata que só. E por falar em baladas, o cd tem mais algumas (felizmente bem melhores), como Valentine's Day, que poderia ter aparecido em algum LP antigo do inglês. Seu andamento e sonoridade remetem à um amalgama de músicas romanticas dos anos 60 e 80. Entretanto, a melhor balada do cd é a épica You feel so lonely you could die. Corais, pianos, cordas... a faixa podia ter descambado para a breguice, mas o cantor consegue fazer de tudo isso um momento genuinamente emocionante. 
Uma das músicas mais interessantes é a agitada If you can see me. A bateria dela parece ter sido inspirada pela fase drum and bass do camaleão (do álbum Earthling, de 1997), entretanto sendo tocada "organicamente". Extremamente trabalhada e criativa é sem dúvida uma de minhas preferidas do álbum.
I'd rather be high tem um andamento militar (mais ou menos como a Sunday Bloody Sunday do U2) e um bonito refrão. Boss of me reúne um monte de elementos de forma elegante. Guitarras, metais, partes mais paradas, outras mais agitadas, corais... tudo de forma orgânica e bem equilibrada. Já uma das mais alegres e dançantes é a Dancing out in space
How does the grass grow é uma das grande pérolas. Com um "quêzinho" de hard rock, a faixa traz linhas de teclado bacanas, bateria bem trampada e uma das onomatopéias mais divertidas dos últimos tempos. Te desafio a escutar a música e não ficar com esculaxados La la la las na cabeça. O solo de guitarra é outra coisa linda. E por falar em solo de guitarra, um dos melhores é da post-punk (You will) Set the world on fire, faixa que evoca Bauhaus todo o tempo.
A densa Heat fecha o trabalho. Se a faixa de abertura foi a escolha certa, a de fechamento também não poderia ser melhor. Lenta, depressiva e épica, Heat é hipnotizante. Coloque-a no fone de ouvido, feche os olhos e boa viagem pelas sensações e sentimentos que a música vai te trazer.
No alto dos seus 66 anos David Bowie ainda mostra como se faz. Dá um banho em um monte de bandinhas que se acham modernas e lançou um cd digno não só de sua própria discografia como também das famosas listinhas de melhores do ano. Na minha com certeza The Next Day vai estar.
Álbum: The Next Day
Artista: David Bowie
Lançamento: 2013

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