domingo, 31 de dezembro de 2017

Danilo Awards 2017

Mais um ano, mais um Danilo Awards. Você vai notar a diferença entre o tamanho das 3 listas. Bem, é que este ano ouvi pouca música nova, assisti um número maior de séries e outro maior ainda de filmes. Consequentemente, gostei de verdade de poucos álbuns, de um pouco mais de séries e muitos filmes. Na realidade, para mim, 2017 foi o ano do cinema. Neste campo gostei muito de muita coisa, poderia fazer um TOP 20 só com obras que realmente gostei, mas tentei fechar em apenas 5. Vamos às listas!


ÁLBUNS

3. Marilyn Manson - Heaven Upside Down

Eu já tinha até desistido da carreira do Marilyn Manson. Desde o Holly Wood, lançado em 2000, nenhum de seus álbuns havia me agradado. Até que em 2015 veio o surpreendente Pale Emperor.

Em Heaven Upside Down Manson continua a retomada de qualidade em seus trabalhos de estúdio. O belíssimo álbum, sem nenhuma faixa dispensável, tem uma sonoridade que transita por toda a fase "clássica" do músico, sendo velho e novo ao mesmo tempo.
 2. Me and that Man - Songs of Love and Death

O improvável duo formado por Nergal do Behemoth e o cantor folk John Porter foi responsável por este incrível trabalho que trás em suas influências blues, country e folk e que mais lembra algo relacionado ao Nick Cave ou Leonard Cohen do que ao black metal geralmente praticado por Negal.
1. Mastodon - Emperor of Sand

A banda que nunca falha. Emperor of Sand continua a discografia impecável do Mastodon, que chega ao seu sétimo registro de estúdio sem nunca ter lançado nenhum álbum ruim.

Mais do que isso, Emperor of Sand é um dos melhores CDs da banda, aprimorando e requintando o estilo mais "comercial" que assumiu desde The Hunter.

Sem dúvidas o álbum que mais ouvi e que foi meu preferido em 2017.







SÉRIES


5. Game of Thrones - Sétima temporada

Game of Thrones já não é mais a mesma coisa desde o fim de seu quarto ano, mas se a política, as intrigas e a coerência do roteiro ficaram para trás, ao menos este último ano foi divertidíssimo e épico, não se pode negar.

4. American Gods - Primeira temporada

Belíssima adaptação do (primeiro 1/5)  ótimo livro de Neil Gailman. Só espero que a mudança dos showrunners não afete a qualidade da série.






3. Star Trek Discovery - Primeira temporada

Apesar da choradeira de alguns fãs, a série é excelente e mesmo tendo sim seus problemas, atualiza de forma competente o universo trekker.









2. Dark - Primeira Temporada

Que Stranger Things, o quê!? Mistério sci-fi se passando em cidadezinha bom mesmo foi Dark. Uma mistura da série já citada com Lost e Donnie Darko. Não vejo a hora de continuar a acompanhar os acontecimentos dessa história.


1. The Expanse - Segunda temporada

Melhor série sci-fi desde o fim de Battlestar  Galactica. A primeira temporada já havia sido maravilhosa (e só não está em minha lista do ano passado porque só assisti depois), mas essa segunda superou. Toda a intriga política dos primeiros anos de Game of Thrones se passando no espaço, não tinha como dar errado.





FILMES



5. The Bad Batch 

Uma maluquice sobre um mundo pós-apocalíptico com canibais marombeiros. O ritmo é lento, a história pesada e pouco palatável, mas o resultado é incrível e diferente de tudo que eu já tinha visto.




4. Logan

Finalmente o filme que tanto Wolverine quanto Hugh Jackman mereciam! É praticamente o The Dark Knight do carcaju. O clima western combinou perfeitamente com o personagem e a história, ainda que com alguns furos, é totalmente cativante.





3. War for the Planet of the Apes

Fechamento excelente para uma trilogia excelente. Quando assisti ao primeiro filme dessa nova série em 2011 entrei descrente na sala de cinema e saí maravilhado. E, incrivelmente, de lá para cá a franquia só melhorou. Este terceiro é o grande ápice da história, misturando de forma orgânica vários gêneros (western, guerra, prisão) em um único filme, encerrando o arco de César e amarrando as pontas soltas com o filme de 1968 de forma espetacular.


2. Blade Runner 2049

Como continuar um clássico? Quando temos uma sequência de antigas franquias mais voltadas à ação (como Star Wars, Star Trek ou mesmo Mad Max, por exemplo) as possibilidades são infinitas, mas e quando a continuação a se fazer é de um noir futurista existencialista? 
O diretor Denis Villeneuve e seus roteiristas conseguiram criar uma obra que tem tudo para se tornar tão clássica quanto sua antecessora. Ao mesmo tempo que 2049 respeita o original, dá folego novo ao expandir aquele universo de forma orgânica e lógica, utilizando de uma premissa que liga de forma bastante inteligente este filme àquele lançado em 1984 (e revisitado tantas vezes depois).


1. Star Wars The Last Jedi

Na primeira vez que assisti ao filme escrevi isto. Naquela época teria colocado o filme em quinto  nesta lista.
Mas conforme os dias passaram, minhas ideias sobre a obra amadureceram e eu resolvi ir ao cinema conferir novamente, escrevendo isso (e até já comecei a especular sobre o próximo episódio da saga aqui). E mesmo depois de escrever este segundo texto o filme continuou crescendo em meu gosto e minha memória.
Este é finalmente o Star Wars que eu vinha esperando ver desde o fim da trilogia original. Não poderia nunca colocar outro filme no meu primeiro lugar.


Menções honrosas: Baby Driver, Thor Ragnarock, Spider-man Homecoming, mãe!, John Wick 2, Atômica, A Dark Song, T2 Trainspoting, A Ghost Story, Get Out!


Feliz 2018!





domingo, 24 de dezembro de 2017

O que pode acontecer em Star Wars Episódio IX?



Este post é uma mistura do que penso que J.J. Abrams pode fazer com o que eu gostaria de ver no Episódio IX.

- Um ano vai ter se passado. A Primeira Ordem já domina a galáxia.
- O filme vai iniciar com uma aventura que finalmente envolva Rey, Finn e Poe juntos. Os três não dividiram nenhuma cena de ação até agora e esta vai ser a hora.
- Kylo Ren terá se estabelecido no antigo castelo de Darth Vader em Mustafar.
- Phasma vai reaparecer queimada para a luta derradeira contra Finn.
- Finalmente os Cavaleiros de Ren vão aparecer e Rey vai enfrentá-los.
- Leia não vai morrer, provavelmente vai estar comandando a Resistência ao longe.
(Aqui deixo uma linha que eu seguiria: a primeira aventura do filme, envolvendo o trio de heróis, seria para libertar comandantes e aliados da Resistência aprisionados pelos vilões. Seria neste momento que Rey enfrentaria os Cavaleiros de Ren. Os heróis conseguem cumprir seus objetivos, mas descobrem que Leia, que também havia sido capturada, foi congelada em carbonite e levada para a sala do trono de Kylo Ren em Mustafar. Enquanto Poe volta para comandar a frota da Resistência, os demais seguem para tentar recuperar a General, um poderoso símbolo que uniria a Galáxia contra a Primeira Ordem).
- Vão explicar a origem de Snoke e ela estará, de alguma forma, ligada ao castelo de Vader. Já foi dito que o vilão estava lá por alguma razão maior que pode ter sido relacionada às antigas catacumbas Sith da construção. Snoke poderia ser Vanee ou um desconhecido aprendiz de Vader, mas acho mais fácil que seja algum mal antigo aprisionado nas profundezas do planeta de lava. Ben pode passar grande parte do filme buscando ensinamentos do lado negro no castelo a fim de se tornar tão poderoso quanto seu antigo mestre.
- A última luta entre Rey e Ben Solo acontecerá em Mustafar, com o vilão caindo na lava no final.
- Finn fica com Rose. Rey termina sozinha.
- O fantasma de Luke vai aparecer. Talvez o de Snoke também.
- Rey vai adotar o sobrenome Skywalker em homenagem à Luke e Leia.
- O novo lightsaber de Rey vai ser duplo, no estilo de Darth Maul.
- Hux e Kylo Ren vão se confrontar várias vezes, por fim, o General vai trair o novo Líder Supremo. E disso JJ pode seguir por dois caminhos: 1 - Hux acaba ajudando os heróis contra seu inimigo comum, 2 - Hux, talvez até com ajuda dos Cavaleiros de Ren, toma o controle da Primeira Ordem e Kylo Ren acaba ajudando os heróis, ao menos por um tempo.

O que espero que não aconteça de jeito nenhum:
- Estrela da Morte 4.
- Ben Solo se redimindo no fim.
- Mudarem a origem de Rey.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Star Wars - The Last Jedi (pela segunda vez)


Vi o The Last Jedi pela segunda vez e o filme só melhorou. 
Yoda (incrível no filme) diz que "o fracasso é o melhor professor". E este é o arco do filme para todos os personagens principais. Todos tem sua função na trama e todos saem do filme alterados. Rey entende seu lugar no universo, Poe assume a liderança da Resistência, Finn se afirma como "escória rebelde" e Kylo Ren se livra de seu passado, suplantando finalmente seu avô.
Descobri a importância dos arcos de Poe e Finn na trama e também percebi que a tal parte do cassino não é nem tão longa e nem tão ruim assim como eu havia pensado anteriormente.


Sobre reclamações específicas que ouvi:
-"este não é o mesmo Luke da trilogia original": ainda bem! Trinta anos se passaram, muito aconteceu com ele, não tinha como ser o mesmo cara! Uma das coisas que menos gostei no Force Awakens foi justamente Han e Leia estarem exatamente iguais eram no Nova Esperança. Adorei encontrar esta evolução do Luke. A história do mestre me lembrou a de personagens clássicos de faroeste como Will Munny de Os Imperdoáveis e Rooster Cogburn de Bravura Indômita. 
- "detestei a Leia no espaço": pelo mesmo motivo acima amei a cena de Leia sobrevivendo no espaço. Yoda disse no V e Luke no VI que Leia tinha a Força, por que não demonstra-la? Fiquei imensamente feliz que Carrie Fisher tenha tido a oportunidade de ter feito a cena, que além de tudo é esteticamente linda. Lembrando também que a Leia não "voou como o Superman", ela estava em microgravidade e, fazendo um paralelo da Força com o funcionamento de um imã, faz sentido que ela tenha usado a habilidade para se atrair para a nave, de massa muito maior do que a sua.
-"Leia deveria ter morrido na explosão da ponte ou no choque contra a nave de Snoke": Não! A personagem é a última viva do trio de heróis originais e mesmo que não apareça no próximo filme aposto que vai ter lugar na história de alguma forma. Além disso, acho mais respeitoso que usem todo o material derradeiro deixado pela grande Carrie Fisher.
-Porgs:  Eu achei que foram ótimos alívios cômicos, mas pra quem não curtiu...poxa, aparecem brevemente duas ou três vezes, vai, não há porquê chorar por isso.
- Luke pescando e ordenhando: ouvi mais de uma pessoa reclamando disso! Acho bizarro alguém reclamar desse detalhe específico... mas enfim... achei cenas bem bacanas para estabelecer a natureza eremita do personagem. Ele não estava buscando maiores significados, estava apenas levando uma vida simples.
- Origem de Rey: é claro que reclamam disso... Não entendem que a origem de Rey é a mais Star Wars possível! A Força vem de todos os lugares, ela não precisava ter uma linhagem ou explicação. Além disso, enquanto descobrir ser filho de Darth Vader era algo que quebrava Luke, aqui, não ser ninguém é o que mais afeta Rey. Não poderia ser melhor.
-Falta de explicação sobre quem é Snoke e a Primeira Ordem: senti falta disso também, mas no filme anterior, não agora. Lá o líder e sua ordem foram apresentados como uma nova ameaça e realmente ficou uma sensação de vazio quanto suas origens e propósitos, já em The Last Jedi Snoke serviu como uma ponte para que Ben Solo se tornasse o melhor e mais tridimensional personagem da saga. Seu papel aqui era muito bem definido e a execução de seu arco foi perfeita. Além do mais, quem diz que ainda não podem explicar sobre ele no Episódio IX?
-Morte de Snoke: para mim é justamente o grande momento do filme! Ao ver toda a extensão do poder do líder estava me indagando como venceriam ele no fim. E ele é morto no segundo filme da trilogia, no alto de sua arrogância, para a surpresa do próprio e do público também. 
-Luke holográfico: além de ser uma incrível demonstração de poder, esta ideia salva o personagem de ser morto por Kylo Ren (e isto sim seria decepcionante). Luke morre em paz com a Força após ter reencontrado seu propósito e feito às pazes com seus erros. Luke, está mudado sim, mas não em sua essência. Ele nasceu como uma nova esperança no Episódio IV e morreu como uma nova esperança no Episódio VIII.

Vendo estes tipos de crítica tenho certeza de que se o amado e intocável Império Contra-Ataca fosse lançado hoje seria massacrado pelas mesmíssimas pessoas. Iam odiar o humor de Yoda e C-3PO, achariam nada a ver a origem de Luke, reclamariam do romance de Leia e  Han, estranhariam o fantasma de Obi Wan, entre outras coisas.

Ao contrário do que alguns fãs estão dizendo, The Last Jedi não só está respeitando o legado de Star Wars como é o filme Disney que mais fez isso! Rian Johnson retornou as origens, buscando novamente as fontes de inspiração originais de George Lucas como filmes de Akira Kurosawa e faroestes e moveu a história, não apenas a reciclou. The Last Jedi é o primeiro Star Wars desde 1983 que fica lado ao lado com os originais.



BÔNUS: O que poderia ter sido feito com Finn?

Apesar das cenas em Canto Bight não terem me incomodado tanto na segunda vez que assisti o filme, ainda acho que a parte de Finn poderia ter sido melhor. Para não alterar tanto a estrutura da história, acredito que o "master codebreaker" interpretado por Benício del Toro poderia estar em uma cela na própria nave da Resistência. A jornada de Finn e Rose começaria com os personagens tentando libertar e fugir com DJ da própria Resistência. Desta forma, o roteiro seria mais focado e enxuto. Esta seria a única alteração que eu faria em The Last Jedi.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Star Wars - The Last Jedi


Desde que saí da sala de cinema tenho tido dificuldade em definir o que achei d'Os Últimos Jedi, já que este novo episódio Star Wars parece dois filmes em um. O primeiro, envolvendo Rey, Luke, Kylo Ren e Snoke é perfeito. O segundo, principalmente no que se refere ao arco de Finn e Rose, sem foco, confuso.

A decisão do diretor e roteirista Rian Johnson de começar o filme exatamente de onde o anterior havia parado não poderia ter sido mais acertada. Afinal, Rey acabara de encontrar Luke, enquanto a guerra fria entre Primeira Ordem e Resistência havia se tornado uma guerra real, com os vilões, apesar de terem perdido sua base, tendo descoberto o esconderijo de seus inimigos.

E o primeiro ato coloca tudo em movimento de forma incrível. Luke não é o mestre acolhedor que Rey esperava, enquanto a Resistência descobre que não conseguiu fugir da Primeira Ordem e se encontra em situação desesperadora. E é a partir daí que o filme se divide entre um dos melhores da saga e um dos menos inspirados.

Em seu segundo ato Os Últimos Jedi é uma montanha-russa. Enquanto tudo que envolve o relacionamento entre Rey e Luke é magistral, parece que não havia muito o que fazer com Finn, e sua jornada parece deslocada com o restante do filme. Vamos dos empolgantes momentos na ilha para uma história sem a menor graça em Canto Bright, com o arco de Poe Dameron e da frota da Resistência no meio, nem tão boa, nem tão ruim.

Acredito que este é o filme da série em que os personagens tem suas personalidades mais trabalhadas e aprofundadas. O arco de Luke, por exemplo, tanto dentro do filme, quanto visto em sua totalidade desde o Nova Esperança, se torna completo e emocionante. Seu conflito entre ser um mito, um mestre e alguém com fracassos o humaniza e o deixa mais interessante do que jamais foi. 

Fico muito contente por Rian Johnson não ter escolhido o caminho óbvio que era ter transformado Skywalker em uma espécie de Obi Wan 2, um mestre bonzinho que acolheria Rey prontamente e lhe mostraria todo o caminho. A subvertida dinâmica entre o jedi e sua "aprendiz" é um dos grandes pontos altos da série. 

O passado entre o mestre e Ben Solo é outro momento muito bem trabalhado. Luke, como um mestre falho, acaba por ter um momento de fraqueza que deixa uma cicatriz profunda tanto em seu pupilo quanto em si mesmo, definindo as motivações de ambos. Enquanto Ben tem sua queda para o lado negro, Luke se torna um eremita. Contrariando as expectativas dos fãs, ele não estava na ilha procurando qualquer resposta, ele apenas queria morrer, levando consigo todos os erros dos jedi. Neste sentido The Last Jedi está à parsecs de seu predecessor. Enquanto o Force Awakens manteve Han e Leia exatamente como eram na trilogia original, este novo episódio evolui e transforma o personagem.

Vi muita gente reclamando sobre o poder "holográfico" de Skywalker, mas achei uma decisão genial. Além de demonstrar um poder imenso (e novo) do jedi, esta habilidade ainda evitou que ele fosse morto pelo sobrinho. Luke, com suas esperanças renovadas, fez um último grande esforço a fim de dar tempo para os  derradeiros integrantes da Resistência fugirem e se "torna um com a Força" em paz, em um momento belíssimo. Não consigo imaginar um desfecho melhor para o personagem (fora o fato dele não ter outro jeito de chegar até Crait, uma vez que não tinha uma nave).

A jornada de Rey mistura um pouco aquela de Luke em O Império Contra Ataca com a do O Retorno de Jedi. Uma das decisões mais acertadas do roteiro foi de fazer parecer que haveria um romance entre ela e Ben, nos fazendo acreditar que um dos dois poderia mudar de lado. A escalada da relação dos dois foi muito bem feita, culminando nas maravilhosas cenas se passando na sala de Snoke, que para mim são o grande momento do filme e uma das melhores cenas da franquia toda.

Neste episódio, Snoke se tornou facilmente um dos maiores vilões de Star Wars. Poderoso, arrogante, manipulador, assustador. Muita gente reclama de não terem explicado quem ele era. Não sinto falta nenhuma disso, afinal seu propósito na história foi bem definido. Não acho que o filme tenha que nos explicar cada minúcia daquele universo, algo pode ficar nas entrelinhas ou na imaginação dos fãs. Afinal, quem era o Imperador na trilogia original? A inesperada morte do supremo líder foi uma virada incrível da história, além de contribuir para tornar Ben Solo no mais tridimensional e interessante personagem dentre todos na série até hoje. Kylo Ren finalmente saiu da sombra de Darth Vader, já que enquanto seu avó caiu na "tentação" da luz ao matar seu mestre, Ben abraçou de vez o lado negro.

Kylo Ren, traído por ambos os mestres, tem uma motivação palpável para seus atos. Acreditando ser especial por causa de seu poder e sua linhagem, o personagem é impulsionado por uma vontade de encontrar um lugar de destaque na galáxia. Temido por Luke, manipulado e humilhado por Snoke, ele se torna consumido por um sentimento de vingança. Sua busca era matar ambos os mestres. E agora conquistar toda a galáxia para se auto-afirmar e provar a todos seu poder e seu valor. Fico ansioso para ver como Kylo Ren vai ser como Líder Supremo da Primeira Ordem no Episódio IX (e já tenho certeza de que Hux vai trai-lo no fim).

Aposto que muitos fãs ficaram frustrados com a revelação sobre os pais de Rey, afinal esperavam que ela fosse uma Skywalker, Kenobi ou que tivesse um super background. Mas não, ela não é ninguém. Seus pais a venderam por bebida. Ao meu ver essa foi a melhor origem possível! Star Wars sempre passou uma ideia de que tudo estava interligado e a galáxia parecia ter meia duzia de pessoas. A garota ter outra origem espanta um pouco essa noção. Fora isso, sua origem humilde mostra que grandeza pode vir de qualquer lugar, o que contrasta sua história com a arrogância de Kylo Ren, antagonizando mais ainda os personagens.

Enquanto isso, temos "outro filme" se passando paralelamente, aquele sobre Finn e Rose no cassino e sobre Poe Dameron e a Resistência fugindo. Enquanto a sequência de Poe parece ao menos estar conectada dentro da história do filme, a aventura de Finn passa um sentimento de "enchimento de linguiça". Neste núcleo do Last Jedi praticamente nada funciona e é mais irritante do que instigante acompanhar esta jornada. Sério que não dava para Finn fazer mais nada de interessante? Precisávamos mesmo ter perdido tanto tempo no cassino? Por fim, todo arco dos personagens secundários só serviu para diluir a excelente história do lado "jedi" do filme.

Ainda que a mensagem seja bonita (os ricos ganhando dinheiro com a guerra e pouco se preocupando com os menos afortunados na galáxia), nestes arcos do filme praticamente nada funciona. Há pouco para o espectador se engajar e as cenas deixam uma sensação estranha, de falta de propósito e emoção. E mais problemático é que, devido à alternância entre os núcleos, a falta de emoção começa a vazar para o núcleo principal.

Por sorte, a partir do momento em que as histórias se cruzam com a chegada de Rey e também de Finn, Rose e DJ à nave de Snoke o filme deslancha. Dali para frente é momento épico atrás de momento épico. Como já disse antes, toda a história passada na sala de Snoke é tudo que Star Wars tem de melhor: surpreendente, emocionante, divertida. E por fim, Luke voltando uma última vez para confrontar o sobrinho é tão épico quanto a cena de Darth Vader em Rogue One.

Arcos brilhantes unidos com outros sem foco acabam por criar uma obra incompleta e conflitante, que ao mesmo tempo em que trás os melhores momentos de Star Wars da era Disney, trás também os piores. Quando penso sobre o lado jedi do filme fico admirado e achando que é um dos melhores Star Wars de todos, quando penso nos coadjuvantes, fico frustrado. No fim das contas The Last Jedi é um ótimo filme, mas que ao mesmo tempo deixa um gosto de "poxa, como poderia ter sido melhor". Nota 10 para o núcleo jedi (nível trilogia original), nota 5 para os demais núcleos (nível prequels)

Por enquanto "o melhor Star Wars depois do Império Contra Ataca" que todo mundo espera ainda é O Retorno de Jedi.